sábado, 18 de fevereiro de 2012

5 de Janeiro de 2012 - 22 dias desde a tua morte

22 dias passaram desde a tua morte. Há 22 dias atrás a esta hora, o teu corpo já não se mexia, tu já não existias. Eu deixei de existir contigo na hora que a tua mãe saiu de braços abertos pela porta do hospital, num choro, com a frase 'Já foi, já foi...'. Já foste para onde? Onde estás? Como é esse novo mundo? Será que me vês? Será que sabes onde estou? O que sinto? 'Já foi...' e o meu mundo desabou... Eu gritei, eu gritei com todas as forças que tinha 'O meu ... não !' e caí no chão a tremer. Arrancaram-me uma parte de mim. Tu levaste contigo, talvez eu não diria uma parte, mas o meu todo. Digo uma parte porque, infelizmente, eu respiro e há vida em mim. Isso tu não conseguiste levar contigo, quem me dera que conseguisses. Não sei se onde estás as pessoas vivem normalmente, se se tocam, se têm matéria física. Mas independentemente de eu te conseguir tocar ou não, quem me dera estar aí contigo, poder ver-te no teu melhor como estavas sempre. Ninguém me disse mais cedo onde tu estavas, acredita que se eu soubesse, eu tinha-te dado tudo o que eu pudesse do meu corpo para tu sobreviveres. Eu teria lá estado todos os dias naquele hospital e teria ido buscar forças onde eu as desconheço, rezar se fosse preciso, para que tu vivesses. Nunca me foi dada a oportunidade de te ver antes de tu morreres. Questiono-me se isso teria mudado alguma coisa. Se se eu tivesse falado contigo, tu sentisses que valia a pena lutar pela vida. Sabes que se acordasses eu ficava contigo. Eu nunca mais, nunca mais, te largava. Ia ficar contigo, custasse o que custasse, eu ficava contigo. Eu era tua, eu sempre fui tua. Eras meu? Amavas-me? Eu amava-te. Mais do que a própria vida, mais do que qualquer outra coisa neste mundo. Era sempre a ti que eu voltava quando tudo ficava mal... Quando eu era apenas uma menina perdida, eras tu quem me segurava, mais ninguém sabia como o fazer... Ninguém sabe. Às vezes, tenho medo de me esquecer de ti, tenho medo de me esquecer de como vivemos, de me esquecer do teu cheiro, da tua voz... Daquelas coisas que as fotografias não guardam.

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